03 novembro 2017

[Resenha] Pecadora - Nana Pauvolih

Título: Pecadora
Autora: Nana Pauvolih
Páginas: 384
Editora: Essência
ISBN: 9788542209716
Ano: 2017

Atenção: Essa resenha pode conter expressões que são consideradas inapropriadas para menores de 18 anos.

Sinopse: Todos nós éramos pecadores. Somente uma coisa diferenciava um pecador: as escolhas. Saber o certo e escolher seguir pelo caminho errado em vez de fazer o que era correto. Fechei os olhos. Apesar de tudo que tinha feito naquela noite, não me arrependi. Era pecado, era perdição, mas também era mais do que eu já tinha sonhado em ter. ––– Entre a rígida criação religiosa e o desejo que sempre a consumiu, Isabel precisa se encontrar. Casada há quatro anos com Isaque, seu namorado de adolescência, a jovem sabe que a relação está longe de ser satisfatória. Mas é só quando Isaque fica amigo de Enrico, um publicitário solteiro e bem-sucedido, que a situação começa a ficar insustentável. Agnóstico, sem amarras e cheio de mulheres, Enrico é tudo o que Isabel acredita rejeitar, mas ela não consegue deixar de se sentir interessada pelas histórias que o marido conta dele. Para piorar, ela consegue um emprego na agência dele, e agora terá de passar os dias ao lado do homem que traz à tona seus sentimentos mais proibidos. Neste novo romance, Nana Pauvolih, uma das maiores autoras de romances eróticos do país, mostra que o certo nem sempre precisa ser aquilo que é imposto, e sim aquilo em que se acredita.

Nana Pauvolih simplesmente consegue transformar seus leitores em dependentes de sua escrita, após três livros lidos da autora eu precisava desesperadamente de mais. Claro que quando foi divulgado que mais um livro vinha por aí, dessa vez pelo selo Essência da editora Planeta de Livros, fiquei louca para ler o mais rápido possível. Por isso ainda na pré-venda garanti meu exemplar de Pecadora.

Em Pecadora vamos acompanhar a história de Isabel, uma jovem de 22 anos, filha de pais muito religiosos e radicais (seu pai é pastor), que desde sempre aprendeu que deveria sempre ser submissa e não questionar nenhuma das decisões que o pai tinha sobre sua vida. Porém, sua irmã do meio, Raquel, sempre foi contra essas imposições e era considerada a ovelha negra da família.

Por serem muito próximas, o maior receio dos pais era que os pensamentos “pecaminosos” de Raquel contaminassem a ingênua Isabel. Mas a gota d’agua foi quando Raquel revelou que estava grávida e foi expulsa de casa, por não se casar e nem revelar quem era o pai do bebê. Tudo isso fez com que os pais delas se empenhassem mais em casar Isabel o mais rápido possível e com isso aos 18 anos, Isabel se casou com Isaque, rapaz de sua igreja.

Mas três anos depois percebemos que a vida de Isabel é muito mais de aparências. Ela não se considera uma pessoa realizada na vida, apesar do amor e carinho do marido, na cama nada funciona. O relacionamento deles é baseado em que só as necessidades do homem devem ser saciadas, sem contar que esses momentos entre eles são muito sem graças e Isabel não tem qualquer tipo de prazer com isso.

A protagonista ainda vive se culpando, pois na tentativa de satisfazer seus desejos, busca pelo prazer assistindo vídeos eróticos e com a masturbação. Mesmo assim a todo momento Isabel se sente culpada, pois devido a sua criação sabe que está cometendo um pecado. Mas como nada e fácil, Enrico entra em sua vida.

Colega de futebol do marido de Isabel, Enrico pode ser considerado o pecado da luxúria em pessoa. Coleciona mulheres e nem precisa se esforçar para isso, elas quase que literalmente caem aos seus pés. Isaque admira muito Enrico, mas sabe que o estilo de vida dele é muito depravado e até tenta evangeliza-lo. Mas Enrico é agnóstico irredutível e apesar de respeitar a religião de Isaque, não quer saber de tentativas para lhe converter.

Quando os caminhos de Isabel e Enrico se cruzam é um choque de realidades. Isabel a princípio acha a libertinagem dele um absurdo, mas quando fica frente a frente com o moço, sente aquela fraqueza nas penas. Já Enrico não consegue entender como aquela mulher, com roupas cobrindo praticamente todo seu corpo e que lhe dá a maior pagação na frente de seus amigos, mexeu tanto com ele.

Isabel não consegue tirar Enrico da cabeça e comete a besteira, ou não, de pegar o número de telefone dele e através do pseudônimo de Pecadora passam a trocar mensagens no WhatsApp. Mas não pense que essas mensagens são baseadas na questão sexual. Tudo começa com uma verdadeira confissão e logo os dois estão tratando sobre temas mais profundos que passam até pela filosofia. Mas os sentimentos vão ficar mais confusos e difíceis de esconder quando Isabel vai trabalhar na agência publicitaria de Enrico, claro que sem ele saber que ela é a Pecadora.

“Olhar para ele, estar em sua companhia, já não era fácil antes. Como seria agora qye somente eu sabia que tínhamos nos falado mais? Que no segredo de um confessionário virtual, eu era a Pecadora?” Pg. 113

De cara o diferencial desse livro, comprando com outros da autora, é que temos menos cenas de sexo. Claro que Nana Pauvolih manteve sua mágica de tornar a trama sensual e viciante, mas nada comprado com seus outros livros. Em Pecadora, veremos uma mulher aflorando e questionando até onde ela está errada e até mesmo porque é tão reprimida pela religião.

Isabel tem consciência de que comete pecados, mas também que outras questões são exageradas, como a forma de se vestir, não poder cortar o cabelo e de não ter voz dentro de casa. Aos 22 anos, ela nunca saiu com amigos, nunca usou uma calça jeans e mesmo a três anos casada nunca teve prazer com o marido.

Quando começa a conversar com Enrico ela vai se despertando para o mundo cada vez mais e percebendo que aquela vida não é a que ela quer, mas sabe que ao tomar uma atitude as consequências serão devastadoras para ela.

Existem os mais diversos tipos de pessoas religiosas e apesar de não ter conhecido nenhum do nível de como a família de Isabel é, vi comentário de alguns leitores que confirmaram já ter lhe dado ou visto esse nível de fanatismo.

Uma coisa que gostei muito é que a autora trouxe muito respeito por estar lidando com um tema tão complicado como a religião. Isabel não é o tipo que peca e liga o botão do dane-se para sua fé. A todo momento vemos uma mulher perdida entre o que está fazendo e tentando entender o porquê aquilo é errado, por que desejar ter prazer com seu próprio marido é algo sujo, uma mulher que além de tudo isso, podemos ver que não viveu, não teve uma juventude saudável e muito menos amigos.

Isabel é isolada, não sabe em quem confiar e após a irmã ter sumido no mundo, não tem uma confidente. E ela encontra em Enrico essa pessoa com quem pode conversar sem ser julgada pelo que pensa e sente.

Por se tratar de um livro erótico, não ache que Enrico faz o tipo que estamos consumadas a ver. Antes de ler achei que o romance entre ele e Isabel seria baseado realmente na infidelidade, mas não há isso. O controle que ambos tem dos sentimentos é muito grande, mas claro que em determinado momento é impossível reprimir os sentimentos. Mesmo assim não acho que os leitores irão condenar isso, devido aos fatos que vão ocorrendo na trama.

Pecadora dá muita conversa e até me questiono se não cheguei a ser muito detalhista com algumas coisas nessa resenha e que alguns possam considerar spoiler. Mas acredito que não revelei nada de muito relevante. O final é em parte previsível e gostei muito de uma coisa que Nana fez, mas que só poderia discutir com quem já leu.

Mesmo se tratando de um livro erótico, achei que a autora trouxe uma bela mensagem de que não devemos nos reprimir totalmente por causa de nossa fé. É possível sim viver uma vida plena mesmo tendo numa religião, mas que além de tudo o livro mostrou que nem por discordarmos do radicalismo dos pais de Isabela, devemos condená-los por isso. Cada um tem sua fé e ver as palavras da Bíblia de sua maneira basta um respeitar o outro acima de tudo.

Avaliação:

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